Tiramos 5 dias para conhecer Roma e Florença, juntos (eu e Ele). Acredito que viajar é uma forma de conhecermos melhor as pessoas, e de nos conhecermos a nós mesmos. Os imprevistos, o cansaço, as surpresas, os momentos de euforia, os sustos, o desconforto do frio da noite, o desconhecido... podem ser ingredientes para o sucesso ou fracasso absoluto de uma relação. É por isso que acho que todos os casais deviam viajar juntos, para sítios desconhecidos, ou que conheçam mal.
Ao indiscutível sucesso da viagem, juntam-se as memórias de pessoas que se conhecem e se cruzam, perdidas numa translação igual à nossa. O Sabino, o italiano dono da pensão onde ficamos, que nos acolheu como parte da família, ou o artista brasileiro que arrancava suspiros com o seu estilo de pintura irreverente, numa das mais belas praças de Roma. O músico do metro, que contava com tristeza as moedas, ao fim da noite, e que me deixou em lágrimas até chegar ao quarto, e me faz engolir em seco cada vez que a sua imagem me assombra...
Uma das coisas que mais me despertou a atenção foi, curiosamente, o facto de em cada canto se ver pessoas a tirar selfies com monopés, e outras tantas pessoas a tentar vendê-los, quase à força, "selfie, selfie, selfie, selfie...". É assustadora a forma como vivemos cada vez mais voltados para nós mesmos, egoísmo e exibicionismo espelhados em todas as ações.
A propósito de exibicionismo, decidimos publicar uma selfie por dia nas redes sociais! Incrível capacidade esta, do ser humano se contradizer em pensamentos e ações! Às vezes, parece que mostrar a relação a torna mais "real", quando parte do tempo ainda acho que tenho mais sorte do que merecia, por ter um amor assim...